Publicação baseada no texto "Verdades a serem encaradas em prol de um futuro de sucesso para a universidade brasileira", de José Carmine Dianese, disponível aqui.

joao claudio todorov

Das alegadas vinte verdades, concordo com quase todas. Há, porém, alguns exageros e pelo menos duas ou três informações erradas.

O Movimento Pedagogia das Virtudes, que reúne entidades da sociedade civil e do governo, tem como objetivo a difusão e a promoção de valores éticos universais e da virtude nos seres humanos. Ele tem promovido seminários que visem abrir caminhos para a promoção de valores e virtudes como solidariedade, ética, compreensão, bondade, liberdade e caridade. O 11º seminário foi realizado na Universidade de Brasília e que teve como tema "O papel da universidade na promoção de virtudes". O seminário foi coordenado pelo presidente da União Planetária, Ulisses Riedel, e os palestrantes foram Ivan Camargo, reitor da UnB, e os professores Gilberto Lacerda Santos e Isaac Roitman.

É antigo o apoio aos desalojados por causa de desastres naturais, raro o apoio aos desalojados pelos modelos econômicos e sociais. Ninguém com sentimento humanista deixa de reconhecer o papel positivo da transferência de renda para abrigar famílias pobres, que ficaram desalojadas ou excluídas dos benefícios do progresso. Sem essa ajuda, elas estariam na mesma situação das vítimas das tragédias naturais. Mas falta humanismo naqueles que veem os abrigos como a solução para as dificuldades que as vítimas de tragédias atravessam ou naqueles que comemoram o aumento no número dos que vivem em abrigos, fugindo dos horrores da pobreza.

A pergunta é capciosa. O aprendizado que crianças e adolescentes brasileiros têm nas escolas deveria ser resultado do tipo de educação a que tiveram acesso? Seria simples, se aprendizado e educação não fossem conceitos abstratos, que variam de pessoa para pessoa, dependem da classe social, da escolaridade , da percepção e, principalmente, da bagagem que cada um carrega consigo. Se cada pessoa atribui valores diferentes para tudo, devido à vivência individual, como generalizar o tema? Portanto, na prática, não existe uma resposta única e segura para a pergunta. Por isso, a questão merece reflexão.

Seja bem-vindo à Universidade de Brasília. Quem lhe escreve é um Professor que convive no ambiente universitário desde o final da década de 50 do século passado e que tem uma vivência na Universidade de Brasília desde 1972.

Considerando o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) como a Copa Internacional da Educação, o Brasil em 2013 ocupou o 58º lugar entre 65 países avaliados. Essa posição incômoda não condiz com pensadores e empreendedores brasileiros da área da educação que hoje já não estão entre nós.

O propósito deste artigo é o de revisitar os ensinamentos e iniciativas desses verdadeiros brasileiros, escalando-os para um time que inspire ideias e ações para conquistarmos uma posição honrosa na Copa Internacional da Educação. A partir de um painel com mais de 50 pessoas, selecionamos 23 que citamos em ordem alfabética, resumindo as ideias ou protagonismos que direta ou indiretamente contribuíram para a melhoria da nossa educação.

Se o leitor espera um texto sobre a Copa do Mundo, vai ficar decepcionado. O tema é o desafio mais importante para o país: a Copa da Educação. Se ainda tivermos alguma esperança de termos uma sociedade justa, na qual todos possam realizar os seus anseios e alcançarem a felicidade, temos que ganhar esta Copa, para proporcionar uma educação de qualidade para todos, independente da classe social.

Fiquei surpreso com a quantidade de imagens ao clicar no Google o título desse artigo. As cores da bandeira nacional são usadas em diferentes combinações revelando a criatividade dos esteticistas colorindo diferentes partes do corpo. O verde e amarelo estarão certamente  não só nos rostos e cabelos mas também nas roupas, bandeiras, bolas e em outros adereços. Sob os olhares vigilantes da FIFA os responsáveis pela organização da copa correm contra o tempo. Não poderia ser de outra forma. O brasileiro deixa tudo para a última hora e na correria não tem tempo de pensar nas prioridades.

No dia 21 de abril de 2014, a UnB completou 52 anos. Ela foi criada em um momento em que a sociedade brasileira estava convencida de que o sistema universitário brasileiro clamava por um  modelo inovador. Sob o comando de Anisío Teixeira e Darcy Ribeiro, e com o apoio da intelectualidade brasileira, ela iniciou suas atividades em 21 de abril de 1962. Em 1965, o projeto original foi interrompido após demissão da maioria de seus professores, episódio épico descrito por Roberto Salmeron em seu livro “A Universidade Interrompida”. No final da década de 60, um grande esforço foi feito para a reestruturação da universidade com a fixação de professores em todas as áreas do conhecimento. A UnB renasceu e floresceu.

Era uma vez um planeta pequeno sem luz propria e muito difícil de ser percebido na imensidão do universo. Orbitava em torno de uma estrela chamada Sol. Era um planeta relativamente jovem. Surgiu a  4,5 bilhões de anos,  9,2 bilhões de anos depois da origem do universo.

As neuroscience gains social traction and entices media attention, the notion that education has much to benefit from brain research becomes increasingly popular. However, it has been argued that the fundamental bridge toward education is cognitive psychology, not neuroscience. We discuss four specific cases in which neuroscience synergizes with other disciplines to serve education, ranging from very general physiological aspects of human learning such as nutrition, exercise and sleep, to brain architectures that shape the way we acquire language and reading, and neuroscience tools that increasingly allow the early detection of cognitive deficits, especially in preverbal infants. Neuroscience methods, tools and theoretical frameworks have broadened our understanding of the mind in a way that is highly relevant to educational practice. Although the bridge’s cement is still fresh, we argue why it is prime time to march over it.

O Sistema Personalizado de Ensino (PSI), amplamente utilizado nos anos 1970, e a Educação à Distância (EAD) são duas metodologias de ensino que rompem com modelos tradicionais de educação, nos quais o centro crítico de transmissão de informação é o professor. O presente trabalho apresenta as principais características dessas duas formas de ensinar, ressaltando suas similaridades. Alguns estudos nos quais PSI e EAD foram utilizados em conjunto são descritos e as vantagens de tal junção são discutidas. Sugere-se, ao final deste trabalho, que o uso conjunto do PSI e da EAD pode ser uma forma viável de disseminação e democratização de um ensino de qualidade, alicerçado em evidências empíricas de sua eficácia.

Classes of Experimental Psychology I at the University of Sao Paulo back in 1962 were held in the Biological Sciences building in scattered locations in downtown Sao Paulo. I knew the place from my freshman year, when I had taken General Biology and Physiology classes there. To go to the Cidade Universitaria was to lose a day. When Fred Keller came to Brazil for the first time, in 1961, some friends invited me to hear his classes. I refused on the grounds that the Cidade Universitaria was too far and I had my own business to attend to. But in 1962 I had no choice. Despite the distance, I had to go because I needed Experimental I for my B.S. in psychology. The teacher then was not Keller but Rodolpho Azzi and, later in the year, Gil Sherman. The teacher was different, but the textbook was the same: Keller and Schoenfeld's Principles of Psychology (1950) or, as we came to call it, the K & S.

Fred Keller came to Brazil in 1961, as a Fulbright Scholar, by chance. Some call it fate or destiny. From the North American side, it certainly took a lot of concentrated effort and the usual red tape. What happened on the Brazilian side of the cooperation is not clear. Writing on the subject, Keller said that a Brazilian student taking undergraduate courses at Columbia once asked him if he would like to visit Brazil. He said yes and later received a formal invitation, a letter signed by a dean of the University of Sao Paulo. However, arriving in Sao Paulo, Fred and Frances found out that the dean had been replaced and no one at the Department of Psychology knew that he was coming!

O ensino superior constitui um ator crucial nas sociedades contemporâneas, devido às complexas relações que mantém com o processo de desenvolvimento econômico, com demandas de formação de profissionais qualificados e com as crescentes expectativas de democratização de oportunidades educacionais e sociais. Em várias partes do mundo, governos nacionais têm desenvolvido reformas nos seus sistemas universitários visando transformá-los em um ator estratégico no processo de produção científica e de inovação tecnológica. No continente europeu constata-se uma série de iniciativas em vários países, norteados pela Comissão Europeia, objetivando aumentar a competitividade de suas universidades no contexto da globalização.

"Validação do conhecimento do aluno e não apenas a sua frequência às aulas deve ser objetivo da escola"

Há algum tempo li, em um jornal do Rio de Janeiro, que o Ministério Público estava processando uma Escola de Niterói por ter aprovado um Aluno que havia passado em seus exames, mas não tinha tido a frequência de aulas exigida por lei.

Os educadores – desde os das mais remotas aldeias, até os das mais importantes universidades – estão em crise e discutem os novos rumos dos processos educacionais e de aprendizagem.

O dilema é: como fica o atual aprendizado, geralmente formal e socialmente controlados, diante da explosão do aprendizado informal e mediado digitalmente. Mais difícil, ainda, é aceitar que a revolução suave do aprendizado informal esteja sendo acompanhada por um conjunto de valores, motivações e ações frequentemente desprezadas na educação tradicional.

Desde o começo de 2014, a mídia deu destaque ao escalonamento da violência no Distrito Federal. Para espanto de todos, perdem-se mais vidas no DF do que em uma metrópole como São Paulo. Em resposta, nosso governador prometeu punir “qualquer atitude que coloque em risco a população”. Mas como evitar comportamentos delituosos, sobretudo de jovens adolescentes? Como evitar que uma criança se torne um bandido, um assassino?

Essa é talvez a pergunta que requer a resposta mais elaborada e o trabalho mais árduo de uma sociedade e de seus governantes. Estando vivo, um pensador como Darcy Ribeiro logo nos diria que é preciso, acima de tudo, atenuar a distância entre as classes sociais. Distância que só aumenta no decorrer dos anos. Mas como fazer isso? Um olhar mais amplo nos evidencia que a democratização da educação é uma das chaves para um futuro mais pacífico e virtuoso.

O bloco socialista se desintegrou antes de completar um século. A União Soviética se esfacelou e os países que a integravam adotaram o capitalismo como sistema econômico e sinônimo de democracia.

Tudo aquilo que o socialismo pretendia e que, em certa medida, alcançara – redução da desigualdade social, garantia do pleno emprego, saúde e educação gratuitos e de qualidade, controle da inflação etc. – desapareceu para dar lugar a todas as características desumanas do neoliberalismo capitalista: a pessoa encarada não como cidadã, e sim como consumista; o ideal de vida reduzido ao hedonismo; a exploração da força de trabalho e a apropriação privada da mais-valia; a especulação financeira; a degradação da condição humana através da prostituição, da indústria pornográfica, da criminalidade e do consumo de álcool e drogas.

As universidades contemporâneas se caracterizam por exercer múltiplas funções, todas fundamentais para o desenvolvimento econômico e social sustentável dos locais em que se encontram, seja uma cidade, estado ou país. A primeira função reconhecida por todos é a de formar, em diferentes níveis, pessoal qualificado, nas mais variadas áreas do conhecimento. O êxito profissional dos egressos de uma universidade é fator importante à consolidação de sua imagem positiva junto à sociedade.

Avaliações nacionais e internacionais denunciam uma crise de qualidade na educação brasileira. A educação deve preparar os jovens para o mundo do trabalho e da convivência social com ética e solidariedade. No Brasil, todos os governos proclamam que a educação é uma meta prioritária. Ela é utilizada na plataforma eleitoral de todos os partidos. As promessas não são cumpridas pelos que assumem o poder.

Os cidadãos brasileiros colocam em xeque há algum tempo o papel de nossas universidades. Exige-se maior compromisso com o desenvolvimento sustentável e transformação da sociedade.

A universidade é instada a retribuir o investimento recebido da comunidade. É justíssimo. Além de garantir a excelência do ensino e de sua produção científica, precisa satisfazer a cobrança por acesso para todas as camadas sociais, por maior diversidade interna social, cultural e étnica, por eficiência administrativa, transparência.

Para Viviane Mosé, o ensino no Brasil ainda é preso a uma estrutura do passado, que trata o aluno como um decorador de conteúdos.  Ela defende que numa sociedade em ue o acesso ao conhecimento foi democratizado em redes sociais, é preciso abandonar modelos de ensino em massa para priorizar a educação um a um. A filósofa acaba de lançar o livro "A escola e os desafios contemporâneos".

Um programa de cotas para alunos oriundos de escolas públicas foi recentemente proposto para as universidades estaduais paulistas. Para reforçar a preparação dos cotistas, haverá u colégio universitário, inspirado nos community colleges dos EUA. Matriculados em cursos superiores de ciclo curto, com educação à distância, esses estudantes competirão por vagas nas carreiras tradicionais. Intelectuais e imprensa sulista apressaram-se em elogiar a iniciativa. Editorial da Folha de S. Paulo (20/12/2012): "A ideia [do colégio universitário] é a inovação mais promissora da proposta paulista". Em entrevista (Vejablog: 22/12/2012), Eunice Durham, antropóloga uspiana, ex-presidente da Capes, celebra a adoção do modelo college como "proposta revolucionária para o ensino superior brasileiro".

Em todo o mundo, as universidades de qualidade e as pesquisas nelas realizadas são financiadas pelo governo. Reconhece - se hoje que este é um dos investimentos mais rentáveis que um país pode fazer para seu futuro. As universidades públicas brasileiras, sobretudo as federais, têm crescido de forma pujante na última década. As oportunidades de educação superior de qualidade têm se multiplicado e estas têm se tornado mais abertas à sociedade. Além disso, nossas universidades públicas são responsáveis por 95% da produção de conhecimento, imprescindível para o desenvolvimento nacional. Olhando para o mundo, alcançamos o 13o. lugar na produção acadêmica. Na formação de mestres e doutores, as universidades públicas são responsáveis por 84% de todas as matrículas no país. E no ensino de graduação, 25% dos estudantes estão nas universidades públicas. É nestas universidades que são formados a grande maioria dos nossos médicos,engenheiros e outros profissionais das áreas complexas e necessárias ao nosso desenvolvimento. E também nelas se forma nossa elite intelectual e política. A universidade pública brasileira precisa continuar a se desenvolver e se tornar cada vez mais articulada com a sociedade e mais alinhada ao desenvolvimento nacional.

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Artigo originalmente publicado em Jornal da Ciência

No Brasil, até o momento, mantendo e aperfeiçoando o vestibular, temos praticado uma grave omissão.

Deixamos que processos sociais, em sua maioria espúrios e excludentes, predominem sobre o talento das pessoas, que as desigualdades sufoquem a vocação dos sujeitos que buscam a formação universitária.

O fim do vestibular não é o objetivo da proposta Universidade Nova, mas não há alternativa senão romper com esse paradigma. O vestibular será superado simplesmente porque não terá uso nem sentido em qualquer projeto de transformação radical da educação superior.

Será necessário implantar novas modalidades de processo seletivo, mas ainda não sabemos o que substituiria o vestibular.

Estamos avaliando opções de acesso nas seguintes etapas: a) ingresso ao Bacharelado Interdisciplinar (BI); b) seleção para as carreiras profissionais.

Voltar às salas de aula da UnB é uma emoção sempre renovada. Uma espécie de pedágio afetivo que pagamos todos nós que vivemos a fase “heroica” da Universidade. Que por variados, e às vezes incompreensíveis motivos, tornou-se uma espécie de símbolo da resistência ao regime autoritário pós 1964. E da qual foi cobrado um preço elevado pelas forças da repressão, na medida em que representava o ensino inovador e já comprometido com o “futuro”, à época uma velada ameaça à ordem vigente.

Publicado na edição do Correio Braziliense de 15 de agosto de 2013.

A Universidade de Brasília (UnB) foi criada nos termos da Lei n. 3.998 de 15/12/1961. No inciso II do artigo 28 de seu Estatuto, consta como um dos seus objetivos essenciais é "preparar profissionais e especialistas altamente qualificados em todos os ramos do saber, capazes de promover o progresso social, pela aplicação dos recursos da técnica e da ciência". Apesar das crises tão bem registradas por Roberto Salmeron no livro: "A Universidade Interrompida", ela cumpriu com admirável sucesso essa missão, formando cientistas que hoje produzem conhecimentos relevantes em diversas áreas de conhecimento. Por limitação de espaço e a título de ilustração, mencionarei alguns exemplos de egressos da UnB que hoje ocupam posição de destaque no cenário científico da área biomédica.

A discussão sobre a falta de médicos para atuar na periferia das grandes cidades ou em municípios remotos, ambos carentes desses profissionais, vem mobilizando todos os administradores públicos, especialmente os prefeitos, que não conseguem contratá-los para o Programa Saúde da Família (PSF), mesmo oferecendo remuneração igual ou superior a R$ 10 mil mensais. A proposta de algumas importantes figuras da administração é ampliar a oferta de vagas pela abertura de novos cursos e, simultaneamente, importar médicos formados no exterior.

Desde as últimas décadas do século passado o mundo globalizado desafia a humanidade com os seus novos dilemas e horizontes. Vive-se hoje uma realidade sócioeconômica composta de características novas, ao lado de outras já conhecidas, formando um cenário repleto de significados e dinamismos a serem estudados e conhecidos. Este artigo, longe de pretender esgotar este assunto tão amplo e complexo, visa proporcionar subsídios e gerar questionamentos para reflexões sobre a renovação da universidade no novo quadro. É oportuno lembrar que renovação faz parte da própria essência da universidade.

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O desafio da Universidade Pública brasileira é triplo. Primeiro, atingir, todo o sistema, padrão de qualidade compatível com as exigências do mundo contemporâneo e com o estado de evolução e dinamização do conhecimento em todos os seus domínios de manifestação, incorporando os avanços pedagógicos compatíveis. Segundo, aproximar-se da universalidade de acesso, se não para todos os cidadãos e cidadãs que têm direito à educação plena, mas a todos e todas que demonstrarem vocação, aptidão e motivação para formar-se nos níveis superiores de educação. Terceiro, desenvolver, com o comprometimento orgânico de suas estruturas acadêmicas, programas sociais relevantes, capazes de contribuir para a solução de problemas nacionais inadiáveis, superando distintas modalidades de exclusão ou carência socialmente estrutural: sanitária, educacional, produtiva etc.

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Nos últimos meses, a discussão a respeito da reorganização das universidades federais tem ocupado as mentes não só dos dirigentes do Ministério da Educação mas também dos professores, funcionários e alunos das universidades brasileiras. Até a década dos 60 do século passado, a grande maioria das universidades brasileiras era constituída pelas universidades públicas, estaduais e federais. As particulares, basicamente confessionais e filantrópicas (PUC, Mackenzie), eram minoria. Hoje a maioria dos alunos (75 a 80%) estuda em faculdades particulares, mas boa parte da ciência brasileira continua a ser feita nas escolas públicas.

Este artigo tem como objetivo estudar as principais tendências, envolvendo variáveis portadoras de futuro, que irão influenciar a sociedade, as organizações e em especial as universidades no futuro. Ao longo do mesmo, apresentaremos uma retrospectiva histórica, as mudanças em curso e suas repercussões no ambiente das universidades e da UFSC na sua trajetória para 2022, ano em que o Brasil estará comemorando 200 anos de independência de Portugal, através de pesquisa bibliográfica e documental. Após a análise, sugere-se uma reflexão de como antecipar e preparar estratégias como conseqüência das variáveis elencadas, que facilitarão a tomada de decisão dos gestores, atuais e futuros, das universidades, de maneira geral e da UFSC, em particular, no enfrentamento desses novos desafios.

* Irineu Manoel de Souza, Gilberto de Oliveira Moritz, Luiz Henrique Debei Herling, Mariana Oliveira Moritz, Maurício Fernandes Pereira e Simone Moretto Cesconetto

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José Carmine DianeseA universidade é uma instituição praticamente milenar, em franco progresso e não necessita ser reinventada.

Uma verdade básica é que a qualidade de qualquer instituição depende da competência de seus integrantes. A qualidade do pensamento, produtos e dos graduados gerados pela universidade depende basicamente da qualidade de seu corpo docente, também seu mais importante instrumento de marketing.

Isaac RoitmanJuscelino Kubitschek de Oliveira, senão por inúmeros atos de ousadia, ficou imortalizado pelo feliz pensamento: “Deste Planalto Central, desta solidão que em breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada, com fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino”. A residência oficial do presidente foi batizada por JK como Palácio da Alvorada. Quando questionado sobre o porquê do nome Alvorada, ele respondeu com uma pergunta: “Que é Brasília, senão a alvorada de um novo dia para o Brasil?”.

 

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Cristovam BuarqueMil anos atrás, a universidade substituiu o convento no papel de gerador do saber de nível superior. A universidade é uma instituição pós-convento.

Em um tempo em que a educação básica era restrita a poucas pessoas, os conventos serviam para formar adultos interessados em aprofundar o conhecimento em torno dos temas e dogmas da Igreja, intelectualmente isolados das idéias profanas. O surgimento dos antigos textos gregos na Europa provocou a imaginação daqueles que desejavam entender o mundo como ele era, e não como diziam os textos sagrados. A ampliação da educação básica também fez aumentar o número dos que desejavam seguir estudando na idade adulta, mas não queriam ser monges, isolados em conventos.

Isaac Roitman"A Universidade de Brasília comemorou no ano de 2012 o seu jubileu. Para coordenar as celebrações foi instituída a Comissão UnB 50 anos que procurou revisitar a história da UnB identificando iniciativas virtuosas, experiências negativas e omissões. Nas reflexões nas 39 reuniões da Comissão as análises do passado serviram como inspirações de ações para o futuro. Nesse contexto ao se encerrar a atividades da Comissão UnB 50 anos foi criada a Comissão UnB.Futuro, que tem o nome fantasia: Pensódromo, inspirado no Beijódromo, nome fantasia dado ao Memorial Darcy Ribeiro construído na UnB. Essa nova comissão tem como principal objetivo criar um novo espaço para reflexões com a finalidade de funcionar como uma usina de idéias, para transformar a universidade em uma instituição compatível com a realidade e as demandas do século XXI.

Ao longo de sua história, a UnB exerceu papel importante ao contribuir com a formação de uma consciência nacional de cidadania e proporcionar um espaço para o surgimento de idéias libertárias, vanguardistas e democráticas. Segundo Albert Einstein, a distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente. As reflexões na Comissão UnB 50 anos permanentemente apontavam que as análises sobre o passado e o presente poderiam inspirar ações virtuosas no futuro. Nesse contexto, a administração superior da UnB propôs a criação de um comitê que teria como missão pensar o futuro da nossa Universidade. Assim, como continuidade da Comissão UnB 50 anos surge a Comissão UnB.Futuro.

A iniciativa busca ser um novo espaço para a reflexão, propondo idéias e ações para construir um modelo de universidade compatível com a realidade e as demandas do século XXI, tendo como eixo principal o aprimoramento da qualidade de seus cursos através do ensino, pesquisa e extensão. Espera-se que esse espaço seja uma usina de ideias – um “think tank” – que apontem para termos uma universidade harmonizada com a demanda da sociedade na formação de recursos humanos e no avanço científico e tecnológico das próximas décadas.

A Comissão UnB.Futuro é conduzida pelo Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação (DPP) em parceria com o Núcleo do Futuro (n.Futuros/CEAM). Em cada reunião é discutida uma temática. A partir do tema escolhido será convidado(a) um(a) especialista do assunto para proferir uma conferência introdutória seguido de um amplo debate de ao menos duas horas. As conferências serão registradas por gravação de som e imagem. Uma equipe editorial elaborará um documento-síntese que, necessariamente, deverá incluir as recomendações de curto, médio e longo prazo no âmbito das temáticas discutidas. As reflexões e sugestões provenientes das conferências e dos debates subsequentes serão publicadas em livros e outros instrumentos de comunicação e difusão. Espera-se a participação intensa da comunidade universitária, da sociedade como um todo e de personalidades da área de educação, de cultura e de ciência e tecnologia.

A Universidade tem vários desafios nos próximos anos, tais como:

a) atender à demanda para o acesso a educação superior e a necessidade de maior inclusão social;
b) o desafio de admitir em seus quadros os melhores talentos entre os estudantes sem barreiras socioeconômicas, étnicas ou de gênero;
c) aprimorar os mecanismos de apoio à permanência estudantil;
d) formação de recursos humanos que possam ter uma atuação profissional flexível e interdisciplinar;
e) realização de novos modelos de ensino superior que permitam explorar o potencial das novas tecnologias de informação e comunicação;
f) o papel da universidade na melhoria da qualidade do ensino básico;
g) consolidar o papel da universidade no projeto de desenvolvimento social e econômico do Distrito Federal e do País;
h) produção de saber de qualidade e impactante para o aperfeiçoamento da ciência e desenvolvimento tecnológico com foco na melhoria da qualidade de vida da sociedade;
i) internacionalização das atividades acadêmico-científicas.

Pensando no horizonte de das próximas décadas várias questões emergem: Qual será o papel da modalidade do “ensino presencial” versus “ensino à distância”? O atual padrão de carreira universitária será mantido? Como a universidade do futuro se relacionará com outras instituições de pesquisas, locais, nacionais e do exterior? A universidade do futuro será um lugar ou um conceito, em rede, de tudo que une a busca de um saber, não só ensino superior? Como a universidade deveria se relacionar com o setor produtivo e com o Estado? A universidade de excelência requer autonomia?

As reuniões da Comissão UnB.Futuro são realizadas em parceria com o público. O primeiro evento da UnB.Futuro foi realizado na segunda, 6 de maio de 2013, às 14 horas, no Auditório da Reitoria. O tema da conferência foi “O que é necessário para que a Universidade seja a vanguarda do pensamento contemporâneo?”, proferida pelo Professor e Senador Cristovam Buarque.

O DPP e o n.Futuros convidam toda a comunidade universitária e de Brasília para o debate continuado de idéias.


¹Professor do Instituto de Ciências Biológicas e Decano de Pesquisa e Pós-Graduação

²Professor Emérito e Coordenador do n.Futuros

³Professor da Faculdade de Comunicação e Coordenador Executivo da Comissão UnB.Futuro

Zapping - UnBTV

Na quarta Sessão Pública da comissão UnB.Futuro Eric Rabkin discutiu as perspectivas da educação para o futuro. Veja a matéria produzida pela UnBTV sobre o evento.

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