Avaliações nacionais e internacionais denunciam uma crise de qualidade na educação brasileira. A educação deve preparar os jovens para o mundo do trabalho e da convivência social com ética e solidariedade. No Brasil, todos os governos proclamam que a educação é uma meta prioritária. Ela é utilizada na plataforma eleitoral de todos os partidos. As promessas não são cumpridas pelos que assumem o poder.
Em 1932 foi lançado por 26 intelectuais o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. O documento contém um diagnóstico preciso e propõem as ações necessárias para uma revolução educacional. Nada aconteceu. Em 1959 uma nova versão do Manifesto foi subscrita por 161 intelectuais. Nada aconteceu. O primeiro Plano Nacional de Educação (PNE) foi pensado em 1962. Após 26 anos (1988) ele foi aprovado pelo Congresso. Essa lentidão lembra a velocidade das tartarugas. O primeiro PNE foi implantado em 2001. Continha um conjunto de metas e estratégias para um período de 10 anos. A maioria das metas não foi cumprida. O segundo PNE (2011-2020) ainda está em tramitação no Congresso, o que lembra novamente a imagem das tartarugas. Esse novo Plano corre o risco de, como no primeiro de ser uma bela lista de intenções. Para evitar essa nova tragédia é fundamental que toda a sociedade se mobilize para a implantação de ações prioritárias para a conquista da qualidade na educação brasileira.
Uma delas se refere a formação de um “novo Professor” para o ensino básico. Ele deverá ter uma formação inicial e continuada e ser capaz de utilizar as modernas técnicas de informação e comunicação. Sua missão deverá ser a de um facilitador da liberdade de aprendizagem para construir um verdadeiro cidadão. O Professor deve ter uma carreira baseada no mérito, ter condições de trabalho adequadas e ter remuneração compatível com a missão social que exerce. Em um horizonte de 15 anos o seu salário deverá estar na faixa superior do servidor público. Um caminho virtuoso seria a federalização do ensino básico que permitiria a criação de uma carreira nacional de professores. Os conteúdos inúteis em todos os níveis de ensino devem ser substituídos por exercícios que estimulem o pensar, a criatividade, a crítica argumentada e a resolução dos problemas. A arquitetura escolar deverá ser lúdica e prazerosa, especialmente na primeira infância e na educação infantil. As condições de trabalho deverão ter atualização permanente tanto no ensino presencial como a distância. Uma gestão profissional e eficiente e a integração com a família são também elementos fundamentais para o sucesso da educação.
Ou iniciamos agora uma verdadeira revolução na educação ou estaremos a lamentar nas próximas décadas ter perdido mais uma oportunidade de sermos protagonistas da transformação social que nosso povo merece. Elevar a nossa educação a elevados padrões de qualidade não é só um requisito para a modernização do país e a melhoria das condições de vida dos brasileiros. É um requisito também para a inclusão demandada por uma sociedade desigual. O ensino de qualidade, especialmente no nível fundamental, que é o nível que mais afeta a cidadania, deve ser visto como um compromisso e todos.
Temos que decidir agora qual país que legaremos aos nossos descendentes. Se nada fizermos, seremos no futuro uma sociedade com graves injustiças sociais, com índices assustadores de violência, com total desrespeito ao próximo e outras mazelas amplificadas que temos no presente. Certamente seremos um país colonizado e explorado. O futuro da educação está em nossas mãos.