Documento mostra como a instituição foi aparelhada durante a Ditadura Militar. Ao final da apresentação, reitor Ivan Camargo fez pedido formal de desculpas em nome da Universidade de Brasília.

 

Isa Lima/UnB Agência

 

A Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da Universidade de Brasília apresentou, na manhã desta quarta-feira (22), relatório de investigações conduzidas ao longo de 32 meses de trabalho. Documento está disponível para sugestões da sociedade até 22/5.

A cerimônia lotou o auditório da Reitoria. Além de docentes, técnico-administrativos e estudantes da UnB, representantes da sociedade civil, integrantes de órgãos governamentais e egressos acompanharam a divulgação.

O relatório mostra evidências de que a instituição de ensino superior foi aparelhada e instrumentalizada para dar seguimento a políticas repressivas durante a Ditadura Militar.

Para chegar a essas conclusões, o grupo realizou diversas atividades para coleta de depoimentos, pesquisas junto a arquivos públicos, audiências públicas, entre outras.

As constantes invasões à UnB foram tema de documentário exibido durante o evento. Dirigido pela professora da Faculdade de Comunicação Erika Bauer, o curta-metragem apresenta depoimentos de ex-alunos como Hélio Doyle, hoje chefe da Casa Civil do GDF, além de imagens históricas dos anos de chumbo no campus Darcy Ribeiro.

 

Isa Lima/UnB Agência
Reitor Ivan Camargo ao lado do ex-reitor Antônio Ibañez (C) e da vice-presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Sueli Bellato

 

Ao reconhecer e agradecer o empenho de cada um dos 14 membros da Comissão, o reitor Ivan Camargo fez um pedido formal de desculpas em nome da Universidade de Brasília.  “Considerando o relatório apresentado pela Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade, instituída pelo Ato da Reitoria nº 85, de 10 de agosto de 2012, a Universidade de Brasília, como instituição federal de ensino superior, pede desculpas pelas violações a direitos humanos e atos de exceção cometidos contra sua comunidade acadêmica entre 1964 e 1988”, declarou.

Acompanharam o reitor à mesa, os ex-reitores Antônio Ibañez e José Geraldo de Sousa Junior, a vice-presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Sueli Bellato, o professor da Faculdade de Comunicação Fernando Oliveira Paulino e o ex-professor e cofundador da UnB Luís Humberto Miranda Martins Pereira.

O ex-reitor José Geraldo ressaltou a qualidade do trabalho e reforçou: “vai além de um registro de memória e verdade, temos aqui um programa de continuidade para ação”. O ex-reitor afirmou ainda que o material busca “contribuir para reeducar nossas práticas e reconstruir as instituições”.

 

Isa Lima/UnB Agência
Mateus Guimarães, sobrinho de Honestino Guimarães

 

Em manifestação conjunta entre o público e a ex-professora Ivonete Santiago de Almeida, os nomes de Honestino Guimarães, Paulo de Tarso Celestino, Ieda Santos Delgado e Anísio Teixeira foram mencionados e seguidos por um coro em uníssono atestando simbolicamente a presença de cada um deles ali na cerimônia.

Para Mateus Guimarães, sobrinho de Honestino Guimarães e membro do Comitê pela Memória, Verdade e Justiça do DF, o momento foi “único e histórico”.

O relatório da Comissão Anísio Teixeira está aberto para possíveis sugestões da sociedade por um mês. O texto está disponível aqui e também pode ser acessado em www.comissaoverdade.unb.br

Assista, na íntegra, à cobertura feita pela UnBTV aqui.

Ouça aqui a entrevista concedida à rádio CBN por Cristiano Paixão, professor da Faculdade de Direito e membro da Comissão Anísio Teixeira.


Zapping - UnBTV

Na quarta Sessão Pública da comissão UnB.Futuro Eric Rabkin discutiu as perspectivas da educação para o futuro. Veja a matéria produzida pela UnBTV sobre o evento.

Coordenação:

Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação (DPP),  em parceria com o Núcleo do Futuro (n.Futuros/CEAM)

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