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Como inovar e melhorar o mundo? Para Alvaro Prata, Secretario Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a resposta é não só desenvolver o conhecimento, como também fazer uso da ciência.

O professor Prata, que foi reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) entre 2008 e 2012, esteve no Auditório da Reitoria, proferindo a palestra “A Inovação na Universidade do Século XXI” na oitava sessão aberta da Comissão UnB.Futuro.

O evento aconteceu na tarde desta segunda, 25, e, dentre professores, técnicos e estudantes, também contou com a presença do ex-reitor da UnB Antônio Ibañez e do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), integrante da Comissão Senado do Futuro.

Membro da Academia Brasileira de Ciências, Alvaro Prata está “dentro do painel de ex-alunos de sucesso da UnB”, como destacou Jaime Martins de Santana, ao apresentá-lo e destacar sua passagem pelos bancos da Universidade de Brasília como graduado em engenharia mecânica e em engenharia elétrica.

O decano também enalteceu a memória do pai de Alvaro, o falecido professor Aluízio Rosa Prata, que atuou na UnB entre 1969 e 1987 e foi um dos pioneiros do Núcleo de Medicina Tropical, formando gerações de pesquisadores nacionais e internacionais. “Devemos a ele boa parte do trabalho que resultou do controle da doença de Chagas no Brasil. Aluízio foi um grande pesquisador e promoveu importantes inovações tecnológicas”, declarou Santana. “

O professor Alvaro Prata começou a palestra sistematizando dados sobre contradições brasileiras. “Temos oscilado entre a sexta e a sétima posição no ranking das maiores economias do mundo e existe a expectativa de o país se tornar a quinta economia do mundo ainda nesta década”, afirmou. Entretanto, junto com o crescimento econômico, é preciso que o país supere suas fragilidades, tais como a desigualdade estrutural e a baixa educação científica. “Fazemos boa ciência”, afirmou, “mas não conseguimos transformar isto em benefícios sociais e econômicos”.

Para Alvaro Prata, “há muito que ser feito e grande parte deste trabalho cabe às universidades”. O secretário reconhece o Brasil em posição de destaque na produção científica, mas aponta dificuldades na conversão deste conhecimento em riquezas.

Prata classifica a maior parte da inovação praticada no país como frugal, em contraposição à inovação estruturada, onde os processos são controlados, de alto custo e com sinais claros de esgotamento. Dentre as características do processo brasileiro de inovação, citou o que poderia ser o lado positivo do famoso “jeitinho brasileiro”: oportunidades nas diversidades, o fazer cada vez mais com menos, flexibilidade no pensar e ações inclusivas e apoiadas na intuição.

Como vantagens competitivas do Brasil, Álvaro Prata destaca a área territorial, a qualidade do solo, a disponibilidade de recursos naturais e o potencial para energias renováveis. “Nenhum país do mundo tem 90% de energia renovável”, observou, classificando produção científica do país e a criatividade do brasileiro como mais-valias.

No quadro das fragilidades competitivas, Prata listou a desigualdade social, a reduzida educação científica, o baixo índice de escolaridade, infra-estrutura insuficiente e o insuficiente índice de inovação em muitos setores industriais. “Preciso deixar de apoiar nossa economia em matérias com baixo grau de inovação”, afirmou, citando os produtos brasileiros de maior peso na atual pauta de exportação, como minérios, soja, óleos brutos, açúcar, carnes e café.

O professor rechaça a visão pessimista sobre o Brasil, que teve sua primeira dissertação de mestrado defendida em 1963, lembrando que em menos de 50 anos o país passou de importador de alimentos a destaque mundial em exportação de diversos produtos da agricultura.

POSSIBILIDADES PARA A INOVAÇÃO
Inspirado na máxima de que dentro das condições dadas, é preciso realizar o que se pode fazer agora e que tenha maior impacto, Alvaro Prata identifica os desafios que o Brasil deve enfrentar para consolidar sua posição entre as grandes economias mundiais.

Segundo Prata, é essencial estimular o empreendedorismo e a cultura científica e inovadora, por meio da aproximação das universidades com empresas e demais setores da economia, promovendo maior investimento em pesquisa e desenvolvimento.

A palavra-chave para o processo de inovação foi a mesma apontada pelos palestrantes que participaram de sessões anteriores da Comissão UnB.Futuro: é preciso priorizar a educação. Para o professor Prata, é preciso compreender a educação como processo “de transformação das pessoas, não de mera transmissão de informações; para educar é preciso focar nas competências e habilidades empreendedoras”, disse.

De acordo com o Secretário, o papel do docente deve ser ensinar a partir de permanente estímulo ao estudante. “O aluno precisa ser motivado para ele mesmo desenvolver autonomia na construção de seu conhecimento”, afirmou. “A educação permite separar o verdadeiro do falso e possibilita que a pessoa pense por si própria, possibilitando independência, auto-estima e confiança, fatores que abrem oportunidades”, concluiu. O arquivo utilizado pelo professor Prata em sua apresentação está disponível aqui.

Eduardo Suplicy -18

O senador Eduardo Suplicy parabenizou a exposição do professor Alvaro Prata, ressaltando as ações de renda mínima como importantes atividades de inovação social no país. Porém, segundo ele, é preciso colocar em prática uma efetiva política de renda básica de cidadania. “Termos 25% da população brasileira assistida pelo Bolsa Família é uma conquista, mas é necessário expandirmos o alcance das ações, conforme o que está previsto em lei”, analisou Suplicy.

O senador cobrou do Governo Federal, medidas que coloquem em prática a totalidade dos princípios da lei 10.835/2004. A norma determina o pagamento de benefício que seja “suficiente para atender às despesas mínimas de cada pessoa com alimentação, educação e saúde”, considerando o grau de desenvolvimento do País e as possibilidades orçamentárias.

Para Sônia Báo, é preciso destacar iniciativas de promoção da ciência e da inovação que estão em curso. A vice-reitora citou o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e recentes investimentos feitos via Capes, CNPq e Finep como importantes conquistas. Contudo, existem dificuldades estruturais que emperram a promoção da inovação na educação superior.

“Nossa dificuldade maior tem sido na aplicação dos recursos”, declarou a professora Sônia Báo. O Decano de Pesquisa e Pós-Graduação Jaime Martins de Santana, também atribui à burocracia os obstáculos que dificultam a relação das universidades com o setor empresarial.

HOMENAGEM A MILTON RIBEIRO
Na oitava e última sessão de 2013, a Comissão UnB.Futuro também homenageou o artista plástico e professor emérito Milton Ribeiro, falecido na noite de sexta-feira, 22, aos 91 anos. Professor da Faculdade de Comunicação e Coordenador Executivo da Comissão UnB.Futuro, Fernando Oliveira Paulino, fez relato dos principais pontos da biografia do artista, que doou 250 telas de seu acervo para a UnB. Em vez de um minuto de silêncio, o auditório saudou Milton Ribeiro com uma salva de palmas.


Zapping - UnBTV

Na quarta Sessão Pública da comissão UnB.Futuro Eric Rabkin discutiu as perspectivas da educação para o futuro. Veja a matéria produzida pela UnBTV sobre o evento.

Coordenação:

Decanato de Pesquisa e Pós-Graduação (DPP),  em parceria com o Núcleo do Futuro (n.Futuros/CEAM)

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