O auditório da Reitoria da Universidade de Brasília ficou pequeno na manhã desta quinta-feira (06). Alunos, professores, servidores e membros da comunidade se aglomeraram nas cadeiras e corredores do local para ouvir António Sampaio da Nóvoa. O atual reitor da Universidade de Lisboa, doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Genebra e História pela Sorbonne, de Paris, discorreu sobre o tema "A Universidade do futuro, o futuro da Universidade”.
O professor português apresentou, em sua palestra, alguns dos principais dilemas enfrentados pelas instituições de ensino superior na atualidade. Segundo ele, "as universidades já não são apenas universidades" e por isso é preciso que sejam lideradas com os olhos voltados para o desenvolvimento dos países. "Devemos ter uma dimensão de responsabilidade social, de responsabilidade pública e pensar em como a universidade pode contribuir para o país”, disse.
Para isso, António da Nóvoa acredita que é preciso fazer uma revolução no atual modelo de aprendizagem. "As salas de aula vão desaparecer muito rapidamente. O conceito de sala de aula vai sumir das nossas construções, da nossa Arquitetura, do nosso modelo de pensar a universidade", diz. O impacto dessa mudança, segundo ele, vai ter reflexos na relação entre professores e alunos, o que traz a necessidade de repensar a formação dos docentes. "O conceito de seminário, em que aluno e professor produzem, precisa ser valorizado", avalia.
Um dos principais impactos desse novo conceito de aprendizagem será no campo da pesquisa. “Não há ensino fora do ambiente de pesquisa e fora de um ambiente de criação, de cultura, de descoberta, de experimentação, produção e criação do conhecimento”, afirma. Isso traz o que o professor chama de terceira revolução, com a convergência dos saberes. "No sentido de podermos trabalhar nos domínios que já não são os de trabalho tradicional, temos que reconsiderar nossa ideia do que é uma universidade e uma organização científica".
Outro ponto que o catedrático julga importante é a valorização social e econômica do conhecimento, considerar o ensino parte do processo de criação cultural de uma sociedade, além de seus impactos nas relações internacionais. Segundo o professor, há 17 mil instituições de ensino superior no mundo, que abrigam mais 170 milhões de estudantes. Nesse cenário, as universidades têm um papel importante de internacionalização, não somente de suas pesquisas, mas no sentido de uma diplomacia cultural universitária. No futuro, "as universidades serão capazes de produzir a paz”, acredita o professor.
O evento contou ainda com a presença do reitor da UnB, Ivan Camargo, da vice-reitora, Sônia Báo, do decano de Ensino de Graduação (DEG), Mauro Rabelo, da decana de Assuntos Comunitários (DAC), Denise Bomtempo, da decana de Gestão de Pessoas (DGP), Gardênia Abbad, da decana de Extensão (DEX), Thérèse Hofmann, do decano de Pesquisa e Pós-graduação (DPP), Jaime Santana, além do professor emérito e um dos coordenadores da Comissão UnB.Futuro, Isaac Roitman.
>> António Sampaio da Nóvoa fala à UnBTV.
>> Assista a íntegra da palestra de António Sampaio da Nóvoa.