Detentor de uma longa trajetória de serviços públicos prestados em seu país, Smet veio ao Brasil acompanhado de uma comitiva de reitores e gestores belgas para tratar com a presidente Dilma Rousseff do estreitamento das relações acadêmicas entre os dois países. Atento às mudanças ocorridas globalmente, o ministro compreende o papel estratégico da educação. “Num mundo em mutação, a educação deve mudar continuamente”, considerou.
Embora estejam em continentes diferentes, os desafios das universidades brasileiras têm muito em comum com as instituições belgas. “O futuro da humanidade está relacionado à migração e, por outro lado, a digitalização pode aproximar pessoas de várias regiões”, constata Pascal Smet.
Para o ministro belga, vivemos uma revolução educacional. “A digitalização do mundo e a tabletização (uso dos tablets) serão fenômenos tão ou mais importantes do que a invenção da imprensa”, afirmou. “Isto vai mudar por completo como a universidade é concebida e como ela funciona”, declarou.
O quadro da educação no Brasil, analisado nas sessões anteriores da Comissão UnB.Futuro, tem pontos em comum com a Bélgica. Além dos desafios associados às inovações tecnológicas, evasão escolar e baixa procura pelos cursos de licenciatura têm preocupado especialistas dos dois países.
Smet vê mudanças no papel do professor universitário diante da realidade contemporânea. Para ele, o papel do docente passou a ser sistematizar mais e novos conhecimentos. “O professor deverá provocar os estudantes e os alunos deverão provocar o professor e seus auxiliares”, previu. Outra mudança fundamental é o rompimento da barreira física. “Da Bélgica, um estudante pode acompanhar as aulas de um professor de Harvard”, exemplificou o ministro.
O ministro prescreve o dever de atualização permanente, caso a universidade queira permanecer como o lugar onde o conhecimento é construído. Smet adverte que a academia deve sempre permanecer como um espaço de pensamento livre, mesmo diante de interesses e pressões partidários.
Pascal Smet defende o diálogo entre governo, setor privado e universidades. Porém, o ministro considera “como fundamental a preponderância do financiamento público, como forma de garantir o acesso a todos à chamada elite intelectual”. Cerca de 14% dos recursos destinados à pesquisa em seu país vem da indústria.
Segundo Smet, a questão da transferência de conhecimento dos centros de pesquisa para o setor produtivo é um ponto sensível e ainda por ser resolvido, mas crucial na Bélgica, que enfrenta forte concorrência de países vizinhos como Alemanha e França.
Acompanhado de comitiva composta por gestores de diversas universidades belgas, o ministro prevê uma organização das universidades em redes. Paul De Knop, reitor da Vrije Universiteit de Bruxelas, era um deles. Em palestra após o ministro, o reitor defendeu a parceria público-privada (PPP) e ressaltou a mobilidade como um dos aspectos do futuro próximo das universidades de todo o mundo. “Seremos cada vez mais estudantes, professores e técnicos internacionais”, afirmou.
O reitor Ivan Camargo também vê a mobilidade acadêmica como um elemento fundamental para o futuro da UnB. “Vamos trabalhar para estreitar nossas relações com a Bélgica e com outros países”, afirmou. “Estamos trabalhando para que a Universidade envie e receba ainda mais estudantes, professores e pesquisadores”, concluiu.
“A parceria com a UnB é estratégica e este é o momento para intensificar os contatos”, considerou Josef Smets, embaixador da Bélgica no Brasil. “Foi uma manhã excelente. Todas as falas desta sessão e dos eventos anteriores da Comissão UnB.Futuro tocaram na importância de uma educação básica de qualidade em contato com o conhecimento produzido pelas universidades”, avaliou Jaime Santana, Decano de Pesquisa e Pós-Graduação.
> Veja abaixo a reportagem da UnBTV sobre a sétima sessão pública
> Veja abaixo a íntegra da sétima sessão pública da Comissão UnB.Futuro.